A vendedeira de Mangas

A vendedeira de Mangas
Óleo sobre tela, com 80x60 cm, terminado a 8 Out 2010

A Maçã - Pintura de 2009 (óleo sobre tela)

A Maçã - Pintura de 2009 (óleo sobre tela)
Quadro do pintor Norberto Geraldes

Composição - Pintura de 2009 (óleo sobre tela)

Composição - Pintura de 2009 (óleo sobre tela)
Quadro do pintor Norberto Geraldes

quarta-feira, 31 de março de 2010

Quadro do pintor Norberto Geraldes, de 1958, pertença do Museu Nacional de Arte de Moçambique

Esteve patente na Galeria do Instituto Camões, em Maputo, um quadro do meu Pai Norberto Geraldes, pintado em 1958, muito bem conservado pelo Museu até hoje. Fiquei emocionada. Para informações mais detalhadas passem pelo blogue:





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Palavras de Jorge Dias, Curador do Museu Nacional de Arte, Agosto de 2009

CRUZAR DIFERENÇAS

Já é costume acontecer em Moçambique exposições de arte que cruzam as mais diversas formas de expressãoartística e temáticas, onde a escolha dos artistas é baseada na aproximação e no afastamento de diferentes linguagens. O que mais importa neste tipo de iniciativas é a democratização dos espaços de visibilidade e a possibilidade de agrupar autores para uma confraternização. Esta estratégia, pode ser uma forma de responder ao alargamento das criações em relação aos espaços de circulação, permitindo dar visibilidade a artistas que se encontram marginalizados ao lado de artistas com maior circulação, internacionalmente. Também pode ser curadorias onde as escolhas dos artistas e dos trabalhos são baseadas no cruzamento menos comprometido com as linguagens artísticas e mensagem a passar. Normalmente resultam no afastamento das diferentes linguagens e o corte de leituras contínuas de cada percurso artístico.
Na exposição INTERSECÇÕES acontece o encontro das mais variadas experiências artísticas. 50 Anos separam o artista mais velho da artista mais nova da exposição. Que fazem alguma diferença nas escolas de arte e de posicionamento de cada um. De Geraldes (n. 1921) e Malangatana (n. 1936) a mais nova artista Sónia Sultuane (n. 1971), passando por Roberto Chichorro (n. 1941), Sérgio Veiga (n. 1953), Idasse Tembe (n. 1955), Ciro (n. 1957), João Tinga (n. 1957), Dito (n. 1960), José Mazula (n. 1963) e Sitoe (n 1967), esta exposição tem a felicidade de nos oferecer vários cruzamentos possíveis. Um deles é a possível combinação de Malangatana, como um depositário de tradições culturais presente e profundo conhecedor da sociedade moçambicana, com preocupações, anseios, angústias e incertezas que fazem do artista um pesquisador da sua cultura e história. Que realiza uma pintura carregada de códigos e signos etnográficos, onde o real e o fantástico se unem para revelar ao público uma realidade africana, povoada de superstições, feitiços e lendas. Tendo como protagonistas os espíritos dos antepassados e as forças ocultas da Natureza, a uma artista nova como Sónia Sultuane, que tem uma produção multicultural, inclusiva e global. Cruza a escrita, a expressão corporal, a fotografia e a escultura para possibilitar uma arte/poesia/arte diferenciada. Uma poesia andante ou palavras libertas. Que torna a escrita materializada e colocada no espaço da escultura.
Ciro pinta paisagens entre o real e o imaginário, através da cor e da abstracção gestual da imagem. Ídasse Tembe representa permanentemente o lagarto e a osga. São purificadores do ambiente? A aves apresentam alguns enigmas da natureza. Podem servir como alertas dependendo da forma como são tratadas. Roberto Chichorro que vive e trabalha em Portugal e Dito que vêm participando de exposições colectivas desde 1979 em Maputo, pintam ambientes românticos e poéticos. As mulheres, os objectos domésticos, a forma como pintam as mãos e os pés são alguns elementos em comum com o mesmo significado nestes dois artistas. Para além destes elementos, Chichorro inclui instrumentos musicais que emprestam musicalidade á sua obra. João Tinga e Sitoe tendem a uma pintura monocromática e uma redução máxima de contraste entre cores quentes e frias. As figuras são estilizadas, padronizadas e repetitivas. Sitoe tende para uma pintura narrativa/ilustrativa e João Tinga para uma pintura narrativa/interiorizada. Sérgio Veiga replica a história da pintura antiga e da pintura popular em todo o seu processo históricoe da sua dinâmica de reprodução. Geraldes propõe um "expressionismo popularizado" em cenários e narrativas comuns em vários pintores. Jose Mazula, tem nos seus trabalhos o imaginário, a estética da pobreza e a simplicidade plástica.
Para o curador, INTERSECÇÕES propõe posicionamentos estéticos nos seus variados níveis de circulação da arte. Fica-nos a vez de poder ver a exposição e fazermos as nossas leituras.

Jorge Dias
Curador do Museu Nacional de Arte
Agosto de 2009

"expressionismo popularizado" expressão utilizada por mim para classificar uma da pintura popular onde a expressão das figuras e a escolha das cores utilizadas não depende da experiência de cada autor, mas das experiências colectivas em relação ás imagens existentes.